Após mais de 20 anos dedicados ao design de interiores, Maria Fernanda Paes de Barros encontrou uma nova forma de contar histórias: através da pesquisa das tradições artesanais brasileiras, busca incorporá-las ao mobiliário, criando peças que as valorizam, aliando arte, delicadeza, inspiração e memórias.
Suas peças são sempre acompanhadas de um pequeno livro, no qual é relatada a inspiração que deu origem à peça e também a história dos artesãos que desenvolvem os trabalhos presentes. Páginas em branco ao final do livro servem de espaço para que o cliente possa continuar contando a história da peça.
Foto: Juliana Parisi
Maria Fernanda é nossa convidada para o Designers em quarentena: ciclo de entrevistas com designers de todas as áreas e breves conselhos sobre leituras, filmes, receitas e músicas a serem descobertos (ou redescobertos).
1. O que te acompanha nessa quarentena?
Meus cães e minha filha são minha maior companhia, sem eles com certeza seria muito mais difícil 🙂
E o meu trabalho, que não parou nenhum minuto, por incrível que pareça. Encontrei uma maneira de continuar o projeto que estou desenvolvendo com a aldeia Kaupüna, no Xingu, e criei uma campanha para ajudar os artesãos brasileiros que conheço a conseguirem continuar produzindo e vendendo durante esse período.
2. Um livro para mergulhar.
El Alma de los Objetos, una mirada antropológica del diseño, de Luján Cambariere. Desde sempre propus o design com alma, encontrar a Luján e seu livro foram um presente pra mim.
3. Um filme para assistir.
Milagre na cela 7 e Toc Toc, um é drama o outro comédia, mas ambos nos mostram que a primeira coisa que devemos aprender é a não julgar o outro e sim procurar entendê-lo, aceitá-lo e respeitá-lo.
4. Um álbum (ou playlist) para ouvir em loop.
A playlist de Alexandre Disaro que tem me feito viajar pelo mundo e pelo tempo conhecendo as músicas de outros países e culturas.
5. Uma série pra te abosrver.
Unorthodox!
6. Um personagem. Uma história que te inspira.
Poderia citar personagens conhecidos, histórias incríveis de superação e força, mas se for para ser muito sincera e escolher um personagem que marcou minha vida cito a Poliana, de Eleonor H. Porter, que li na infância e nunca mais esqueci.
7. Off-line: você larga smartphone e computador para….
Deitar na grama na sombra de uma árvore e olhar para o céu, escutar os pássaros, admirar as nuvens e me sentir viva.
8. O que você tem mais gostado na sua casa neste período de isolamento? O que está bom e o que precisa melhorar?
Minha rede na varanda, não tem lugar melhor 🙂
Se pudesse, trocaria o piso do meu apartamento. Hoje ele é lindo, todo em tacos de ipê, mas com quatro cães em quarentena comigo a manutenção é bem mais complicada.
9. Uma solução de design que fez diferença no seu dia a dia durante o isolamento.
O banco feito com meia tora maciça de uma madeira que até hoje não consegui descobrir qual é. Ele fica no hall do elevador social e é meu ponto de apoio para o ritual de “passagem” quando saio ou volto para casa.
10. Algo que fez muita falta e algo que não fez falta alguma durante o isolamento?
O que mais me faz falta são os abraços! Sou uma pessoa do mundo real e esta ausência de toque é difícil de aguentar.
Sobre o que não fez falta alguma, difícil dizer, acho que já vinha reduzindo minhas necessidades ao longo destes anos de projetos junto aos artesãos brasileiros então neste momento não consigo lembrar de nada que estivesse em excesso e que realmente não fizesse falta agora.
Leia também a entrevista com Vanessa Queiroz, Leon Ades , Ricardo Graham Ferreira e Sergio Fahrer. Siga-nos no Instagram e não perca nenhuma notícia: @designweekendsp.