Designers em quarentena é um ciclo de entrevistas com designers de todas as áreas e breves conselhos sobre leituras, filmes, receitas e músicas a serem descobertos (ou redescobertos). Para dar início à série, convidamos Sergio Fahrer.
DW!: O que te acompanha nessa quarentena?
SERGIO FAHRER: O convívio com minha esposa Lu e meu filho Max. Deliciosas conversas no café da manhã, quando estamos fazendo almoço ou jantar em que nos divertimos muito e valorizamos este momento de tanta proximidade.
DW!: Um livro para mergulhar.
SERGIO FAHRER: Tive a sorte de encontrar numa viagem a Barcelona um raro livro, Aircraft (O Avião), de autoria do arquiteto Le Corbusier.
DW!: Um filme para assistir.
SERGIO FAHRER: O Grande Ditador, de Chaplin. Assisti de novo ao filme agora na quarentena, e fiquei surpreso como as semelhanças com os tempos de hoje. O violinista no telhado também vale ser revisto.
DW!: Um álbum (ou playlist) para ouvir em loop.
SERGIO FAHRER: Jaco Pastorius, álbum de 1976.
DW!: Uma série pra te abosrver.
SERGIO FAHRER: Tales from the loop, ficção científica de fazer chorar.
DW!: Um personagem. Uma história que te inspira.
SERGIO FAHRER: O Capitão Nemo em 20 mil léguas submarinas. Mais um paralelo ao momento que estamos vivendo.
DW!: Off-line: você larga smartphone e computador para….
SERGIO FAHRER: Tocar contrabaixo.
DW!: O que você tem mais gostado na sua casa neste período de isolamento?
SERGIO FAHRER: A minha pequena oficina de ferramentas.
DW!: O que está bom e o que precisa melhorar?
SERGIO FAHRER: Nossa convivência em família, muito mais próxima, está uma delícia.
Percebi que preciso – precisamos todos! – melhorar muito, aperfeiçoar o senso crítico, cuidando da qualidade das fontes de informação que entram nas nossas vidas e exigindo, ainda que seja das janelas nesse momento, a liberdade, a tolerância, a união e o respeito pelos seres humanos.
DW!: Uma solução de design que fez diferença no seu dia a dia durante o isolamento.
SERGIO FAHRER: Temos uma chaise longue na sala que não usávamos muito. Descobrimos que ela está no melhor lugar do apartamento para tomar sol. E hoje ela é peça mais disputada nas nossas manhãs, inclusive pela nossa cachorrinha.
DW!: Algo que fez muita falta e algo que não fez falta alguma durante o isolamento?
SERGIO FAHRER: Tenho muita saudade de abraçar a família inteira e os amigos, e também de andar de bicicleta ao livre, na ciclovia e na USP.
Não faz falta sair de carro, não faz falta gastar gasolina, não faz falta ir a compromissos que no fundo a gente nem queria. E não faz falta ficar ansioso: são tempos de espera, mesmo; não sabemos, de verdade, aonde tudo isso vai dar, não temos o controle da vida.
Sergio Fahrer começou sua carreira de maneira inusitada. Estudou no MIT (Musicians Institute of Technology), em Los Angeles, EUA, e lá aprendeu a arte da luteria. Com a tecnologia de construção de instrumentos musicais, iniciou seu trabalho como designer. Utiliza uma grande variedade de espécies de madeiras em seu trabalho e as mistura com alumínio de aviação, palhetas de guitarra, tubos de pvc reciclados, fibra de carbono mista e vidro laminado com policarbonato. Sergio já participou de 3 bienais brasileiras de design, tem prêmios nacionais e internacionais com peças expostas na Alemanha, França, Inglaterra, São Francisco, Nova Iorque e Argentina.