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DW! em Milão 2024: conheça materiais inovadores e ideias de design consciente que chamaram a atenção

A indústria, os designers e o mercado incorporam, de forma cada vez mais relevante e estratégica, as mudanças impostas pela necessidade de uma postura consciente quanto à produção – da pesquisa de materiais ao manejo de resíduos. Se o movimento conquista espaços como o do Salão do Móvel de Milão e a MDW – Semana de Design de Milão, é sinal de que se trata de uma importante aposta do mercado e dos criadores.

Na edição 2024, que contou com cobertura especial da DW!, quem visitou as exposições do iSaloni e do FuoriSalone observou temas como circularidade, o cuidado em transparecer os processos adotados na cadeia produtiva e a incorporação de materiais (mais) éticos estão ativos desde os criativos independentes à grandes empresas. A própria organização do iSaloni vem, há alguns anos, apontando a sustentabilidade como uma prioridade inegociável. Uma parceria com a Escola de Design do Politecnico di Milano visa estabelecer um observatório permanente para a análise do ecossistema do evento, bem como da MDW.

“O Salone renova a sua Política de Sustentabilidade elevando a barra dos seus objetivos, lançando colaborações com fornecedores certificados ou capazes de fornecer materiais reciclados, recicláveis ou reutilizáveis para a construção das áreas comuns. Além disso, vai trabalhar para regenerar os recursos consumidos e absorver os resíduos produzidos, escolhendo parceiros institucionais que tenham foco real nas pessoas e no planeta. O Salone também confirma a sua adesão ao Pacto Global das Nações Unidas [a fim de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)]”.

Materiais inovadores + design consciente

Magis

Instalação com as peças Spun, da Magis, na Piazza San Babila durante a Semana de Design de Milão 2024 | Fotos: Reprodução @magis_official

A Magis (@magis_official) desenvolveu com o designer Thomas Heatherwick (@officialheatherwickstudio) a peça Spun. Um banco (poltrona ou cadeira?) giratório que pode ser usado in e outdoor. O assento combina bioplásticos e polímeros reciclados pós-consumo ou pós-produção. Durante a Semana de Design de Milão, 30 peças compunham a instalação que convidava quem passava pela Piazza San Babila a sentar e se divertir.

Philipp Aduatz

Mesa de apoio desenvolvida por Philipp Aduatz com pés de galhos de árvore revestidos por fibra vegetal e tampo de biocomposto | Fotos: Reprodução @philippaduatz

Radicado em Viena, na Áustria, o designer Philipp Aduatz (@philippaduatz) levou à Isola Design Gallery mesas de apoio produzidas com uma mistura de biocompostos que leva madeira, cordas e cordões de fibras naturais, além de uma resina epóxi de base biológica. Cada peça é única e escultural, combinando tecnologia e manualidade. Além das mesas, a coleção conta com cadeira e luminária. Para saber mais sobre o processo de desenvolvimento das peças, clique aqui.

Cimento

Móveis da Cimento em exposição no stand da marca no ISaloni. Coleção e ambientação são assinados por Patricia Urquiola | Foto: Divulgação

Agora sob a direção criativa de Patricia Urquiola (@patricia_urquiola), a Cimento (@cimentocollection) vai além das superfícies aplicáveis à arquitetura e amplia sua linha de mobiliário e objetos decorativos. Carbono neutro desde 2022, a empresa italiana aplica na produção 90% de agregados minerais derivados do resíduo de pedreiras, com um aglutinante que deixa o material leve e altamente plástico. A coleção desenvolvida por Urquiola para o iSaloni traz essência brutalista e dá ênfase às características do material, como sua textura.

Shell Homage

Detalhe do tampo de mesa desenvolvido com o material da Shell Homage, feito com cascas de castanhas e ovos | Foto: Divulgação

A designer multidisciplinar egípcia Rania Elkalla apresentou peças feitas pela Shell Homage (@shellhomage), que desenvolveu um material biodegradável a partir de cascas de ovo e castanhas aglutinadas por resinas biodegradáveis, derivado de sua pesquisa de mestrado na Technische Universität Berlin.

No SaloneSatellite, cabides feitos com o material foram o destaque e, no Salão principal, uma série de objetos – como bandejas e castiçais – bem como móveis, revestimentos e luminárias foram apresentados. O aspecto do material tem cores distintas (com pigmentação vegana) e pode se assemelhar a pedras e ao vidro. Para conhecer mais sobre o material e a collab, clique aqui.

Arper

Versão 2024 da Catifa 53, Catifa Carta, da Arper, leva 29 folhas de papel na construção da concha para assento e encosto | Foto: Divulgação

A Arper (@arper) reeditou a Catifa 53, cadeira desenhada por Lievore Altherr Molina em 2001. A peça originalmente trazia encosto e assento em formato inteiriço de concha, com a possibilidade de revestimento em couro. No iSaloni de 2024, a nova versão Catifa Carta troca o plástico pela colagem de 29 folhas de papel derivadas de resíduo de madeira com uma biorresina a fogo. O material tem baixo impacto e é biodegradável. Conheça detalhes da Catifa Carta.

Kartell

Cadeiras e aparador da coleção I.A. desenvolvida pela Kartell e apresentada no iSaloni 2024 | Foto: Divulgação

A Kartell (@kartell_official) apresentou no iSaloni sua nova coleção I.A.. A proposta traz uma aplicação da Inteligência Artificial associada ao design de Philippe Starck e materiais reciclados, que visa a produção eco-sustentável e a otimização de processos, reduzindo o desperdício.

Mater

Material das mesas Alter, da Mater + Patricia Urquiola, levam cascas de grãos de café e serragem no material | Foto: Reprodução @patricia_urquiola

A coleção de mesas Alter, assinada por Patricia Urquiola para a Mater (@materdesign), tem como material um compósito desenvolvido pela empresa dinamarquesa que leva cascas de grãos de café e serragem – derivadas do descarte industrial – e um aglutinante bioplástico.

O produto é moldado sob pressão em redor de uma estrutura de aço 94% reciclado. Lançada no iSaloni, a coleção de Urquiola conta com banco e mesas de apoio disponíveis nos padrões de cores Terracotta, Light Green, Sand e Earth Grey. A Mater está em um processo de transição para se tornar uma green-tech focada em design de móveis e objetos.

Hydro

À esquerda, peças da coleção 100R, da Hydro, com destaque para as luminárias Prøve, assinadas por Max Lamb | Fotos: Einar Aslaksen/ Divulgação

A empresa norueguesa Hydro (@norskhydroasa) trabalha com alumínio e energia renovável e convidou um grupo de designers para usar com o Hydro CIRCAL 100R, material 100% da recuperação de sucata de alumínio pós-uso, em um projeto de mobiliário e objetos.

100R é a coleção que resulta dessa proposta, assinada por Andreas Engesvik, Inga Sempé, John Tree, Max Lamb, Philippe Malouin, Rachel Griffin e Shane Schneck, sob a direção de arte, estratégia e conceito de Lars Beller Fjetland. O resultado são luminárias de mesa, cabide, cadeira e um sistema de prateleiras e divisórias. Para conhecer mais sobre a coleção e o processo, acesse aqui.

Outras propostas

Materiais vegetais e não poluentes

Naturalia, de Patricia Urquiola para Etel, leva enchimentos vegetais, madeira certificadas e material que usa resíduos como macela e serragem | Foto: Divulgação

Não é a primeira colaboração entre a brasileira Etel (@etel.design) e a designer espanhola Patricia Urquiola. Em 2020, criaram em conjunto mesas, aparadores e carrinhos Casas e Raízes, que combinavam madeira certificada e materiais feitos de resíduos de madeira, mármore e fibras têxteis.

Em 2024, a série Naturalia apresentada em Milão traz sofá, banco e poltrona projetados por Urquiola em versões de verão e inverno, sem o uso de espumas, acrílico ou penas. Os estofamentos são fabricados a partir de resíduos da indústria têxtil, sendo o algodão puro não-tratado indicado para o verão, enquanto a versão de lã, proveniente dos pampas do Rio Grande do Sul, reservada ao inverno.

Há, ainda as mesas de centro ou apoio Naturalia, feitas com base na massa originada da mistura de resina vegetal com erva de macela, serragem de madeira tingida com pigmentos naturais do solo brasileiro. O bioplástico vegetal desta coleção é proveniente da cana-de-açúcar. Conheça melhor as coleções aqui.

Menos componentes, mais praticidade

A italiana Very Simple Kitchen apresentou na EuroCucina sua proposta de simplificar os componentes dos projetos | Foto: Divulgação

A Magis desenvolveu um aparador com portas de feltro fechadas por ímãs, que minimizam as ferragens na peça Tacito, desenhada por Alessandro Stabile (@alestab). A mesma lógica foi aplicada pela Very Simple Kitchen (@verysimplekitchen), que aplica menos componentes em suas cozinhas, para facilitar a (des)montagem e evitar defeitos, reparos e substituições. A marca apresentou as novidades na EuroCucina.

Impacto têxtil

O designer multidisciplinar Davide Balda usa resíduo têxtil em sua residência artística junto à Benetton | Fotos: Divulgação

No Alcova, o futuro do viver e do fazer foi, mais uma vez, pensado por designers. Entre eles, Davide Balda, que apresentou em parceria com a italiana Benetton (@benetton) o projeto de residência artística Telare la Materia. A ação consiste em recolher peças de vestuário não-vendidas da linha Green B e propor soluções à Mitumba – termo suaíli usado para nomear o descarte irregular e destrutivo ao meio ambiente de roupas das fast-fashion na África, Ásia e América Latina.

Balda usa a fibra têxtil como substrato vegetal e fertilizante para o crescimento das plantas e recria elementos arquitetônicos vernaculares de forma circular. Este resíduo é identificado pelo designer como tecno-fóssil, produzido pela humanidade e que precisa ser estudado e reinterpretado.

Gostou do conteúdo? Este texto é parte de uma série retrospectiva sobre a Semana de Design de Milão, com iSaloni e FuoriSalone. Para não perder nenhuma novidade, assine nossa newsletter e receba tudo em primeira mão. Também acompanhe o universo do design no nosso Instagram, em @dwsemanadedesign.

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