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Herança Cultural celebra fazer ancestral e design de Uruhu Mehinaku em exposição até abril de 2024

O livro O Oráculo da Noite, do neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro, cruza vários saberes científicos, da psicanálise à antropologia, para analisar os sonhos. E um dos fascinantes temas abordados é como os povos indígenas se relacionam com o sonho de forma dialógica e ritualística, um desdobramento da vida em vigília. Ao explicar seu processo criativo, o artista Uruhu Mehinaku toca exatamente neste ponto de integração entre mundos e dimensões da consciência.

“Eu sonho e penso durante a noite e depois vou trabalhar”, afirma Uruhu Mehinaku.

Uruhu é morador da aldeia Kaupüna da etnia Mehinaku, na Terra Indígena do Xingu (Mato Grosso), e cria bancos esculpidos e únicos que vêm ganhando visibilidade internacional.  Agora, estas peças assumem o protagonismo na exposição Uruhu Mehinaku e arte Mehinaku na galeria Herança Cultural (@herancacultural), em cartaz de 23 de março a 20 de abril de 2024.

As obras seguem a tradição dos povos originários e são fabricadas segundo técnicas transmitidas de geração a geração. Uruhu aplicou sua marca singular na feitura dos xepí, como são chamados os bancos tradicionais produzidos com uma única peça de madeira esculpida artesanalmente.

Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação
Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação
Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação
Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação
Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação
Xepí (banco) esculpido pelo artista Uruhu Mahinaku, em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Ale Ruaro/ Divulgação

Usados no cotidiano da aldeia ou em práticas rituais, os xepí são zoomórficos e revelam estruturas geométricas em suas composições. Entre os animais mais representados estão o tamanduá, a anta, a onça e os pássaros. Cada unidade é adornada por grafismos traçados com pigmentos naturais, que costumam ser vistos na pintura corporal e em outros objetos ritualísticos. O conjunto é impregnado de referências aos mitos, à cosmogonia das culturas e/ou a animais, cuja pelagem é representada de forma estilizada. Os pigmentos são extraídos artesanalmente: o amarelo vem do pequi; o vermelho, do urucum e da madeira mãwatan; e o preto, da madeira iurilo e do carvão.

Herança ancestral

Uma seleção de bancos em diferentes dimensões compõe a mostra na galeria Herança Cultural, com idealização de Katia D’Avillez e curadoria de Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim e Danilo Garcia. A base da exposição é a Coleção BEĨ, com acervo de 1,3 mil bancos de madeira produzidos por artistas de 85 etnias indígenas provenientes de diversas regiões da Amazônia – sul, leste e noroeste e Guianas –, Alto e Baixo Xingu e região sul do Brasil.

“Nosso objetivo é não apenas mostrar o talento do artista, mas também promover uma apreciação mais profunda da arte e da cultura indígena e da necessidade urgente de compreensão do valor deste patrimônio, como propor paralelos entre este trabalho e criações de artistas como Zanine, Tenreiro e Zalszupin”, afirma Pablo Casas, galerista e CEO da Herança Cultural.

O artista Uruhu Mahinaku, que estrela com seus xepí (bancos) em exposição na galeria Herança Cultural | Foto: Rafael Costa/ Divulgação

A mostra procura quebrar estereótipos, promover a compreensão intercultural e o valor artístico da produção indígena. A função e a estética são extrapoladas por dimensões simbólicas e abrem novos horizontes de reflexão sobre as complexas relações entre as artes tradicionais e a cultura contemporânea.

“Os indígenas são os primeiros designers do Brasil. É natural que esses artistas pudessem chegar em galerias de arte e design. A ausência de mercado impacta esta produção e por isso é um componente importante no processo de resgate e fortalecimento da tradição”, destaca o curador Tomas Alvim.

Uhuru Mehinaku

O artista Uruhu Mehinaku recebeu a maior condecoração da cultura brasileira, a OMC – Ordem do Mérito Cultural, em 2015, e por meio da Coleção BEĨ, que pesquisa e documenta os bancos indígenas do Brasil, tem seus xepí presentes em um circuito expositivo museológico nacional e internacional. Entre os destaques estão a exposição Indigenous Peoples: Human Imagination and Wildlife, no Metropolitan Teien Art Museum de Tóquio (2018- 2019), que resultou no documentário Xingu-Tokyo: Conexão Ancestral.

Suas obras também foram apresentadas na exposição Benches of Brazil  – Casa de América, Madri, Espanha (2023) e Reach to Forest – Kennedy Center, Washington DC, EUA (2024), além de diversas outras mostras de instituições brasileiras, como o MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR).

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