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9 lugares para garimpar peças de design: ruas, feiras e lojas de São Paulo com dicas

No mundo da moda, a ideia já é bastante presente, de que roupas sustentáveis são aquelas que já existem. O mesmo raciocínio pode ser aplicado a diversos outros segmentos, incluindo decoração e design. Longe de ser uma prática apenas de colecionadores ou pessoas de estilo alternativo, o caminho do garimpo de peças – tanto móveis como roupas – vem ganhando cada vez mais adeptos e espaços físicos ou virtuais.

Na certeza de um mundo que precisa rever seus hábitos de consumo, lugares como brechós, lojas, galpões, mercados e feiras têm se profissionalizado cada vez mais. Estes espaços aliam estilo, sustentabilidade, memória e a possibilidade de uma economia mais consciente.

As poltronas MP-61, desdenhadas por Percival Lafer e produzidas pela Lafer, na década de 1970, fazem parte do acervo da Galeria Teo | Foto: Reprodução @galeriateo

Mercado de milhões

A valorização de itens de design, móveis, roupas e objetos com história está frequentemente aliada a uma ideia do hype, uma vez que ter elementos vintage na decoração passou a ser associado a pessoas descoladas. No entanto, este movimento é mais que uma tendência e promete ser duradouro.

Um estudo sobre a economia da moda second-hand (de segunda mão), realizado pela consultoria global Boston Consulting Group, aponta que o segmento de roupas, calçados e acessórios usados pode crescer de 15 a 20% nos próximos anos, ultrapassando o valor do mercado do fast fashion em 2030.

Já o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, indica que o comércio de produtos usados ou de segunda mão cresceu 48,5% de 2020 para 2021. O percentual representa mais de 2 mil novas empresas criadas no setor – e aqui não estamos falando apenas de moda.

Detalhe da casa da comunicadora Julia Guglielmetti com elementos garimpados: formas vão para parede e se alinham ao escaninho para guardar pão, ao móvel antigo e ao quadro com natureza morta | Foto: Alexandre de Pádua

Como começar no garimpo?

Na garimpagem há anos, a produtora de conteúdo Julia Guglielmetti, conta que passou a levar a sério o uso de móveis e decoração de segunda mão quando montou a loja de sua marca, em 2014. Ela e a sócia aplicaram a estratégia para estruturar um espaço com personalidade forte e que as representasse, sem gastar tanto dinheiro. À época, o escambo em um grupo do Facebook funcionava como um dos canais, além de bazares.

“Hoje, o garimpo faz parte da minha identidade. Meu olhar está treinado: adoro um bazar, uma feirinha, fico sempre de olho nas caçambas. Pra mim, se tornou uma questão de princípios, porque é muito mais sustentável reutilizar o que já existe. Sem contar que a decoração fica mais autêntica. A mistura de estilos, décadas, cores, texturas é capaz de criar um ambiente que mostra quem eu sou”, resume.

A produtora de conteúdo Julia Guglielmetti foi garimpando as peças que decoram seu apartamento ao longo dos anos | Foto: Alexandre de Pádua

5 dicas práticas para seu próximo garimpo

  • Recorrência: o acervo – seja no bazar, na loja especializada, na internet ou nas feiras – se renova constantemente, então é preciso persistir e frequentar de forma consistente estes lugares;
  • Mude a ideia de perfeição: nem sempre as peças vão estar em estado perfeito. Seja gentil com as marcas do tempo, elas são parte da história;
  • Olhe para além do comum: algumas peças podem ganhar novos usos;
  • Não tenha pressa: curta o garimpo, evite impulsos e decore aos poucos, pois o resultado tende a ser mais autêntico;
  • Dê seu toque final: se você gosta de um DIY – do it yourself –, invista em peças que possam ganhar novas roupagens.

Lojas, galerias, ruas e feiras em SP pra mergulhar no garimpo

As peças do AD.Studio fazem parte da história de séculos passados, como o 19 e o 20 e são garimpados na Europa | Fotos: Reprodução @ad.studio_

AD.Studio

O AD.Studio (@ad.studio_), em São Paulo, está localizado no Shopping Cidade Jardim. A ideia surgiu em 2016, quando Paloma Danemberg criou a nova marca dentro do antiquário do pai, Arnaldo. O acervo conta com móveis e objetos de trabalho com ênfase na madeira clara e no ferro, garimpados na Europa e restaurados no Brasil.

Bufê em jacarandá, fabricado pela Móveis Cimo, da loja (à esq.) e conjunto de peças da galeria, com destaque para a mesa de centro Água (dec.1950), de Giuseppe Scapinelli | Fotos: Reprodução @casateo_ e @galeriateo

Galeria Teo

Com mais de duas décadas de história, a Teo conta com galeria (@galeriateo), loja (@casateo_) e galpão, dedicada à curadoria e restauro de peças do mobiliário moderno brasileiro das décadas de 1950, 60 e 70. Nomes como Jorge Zalszupin e Joaquim Tenreiro fazem parte do acervo, mas há diversos outros móveis que celebram a qualidade da criação moderna brasileira.

Banco assinado por Jorge Zalszupin (à esq.) e poltrona Esfera (1968), de Ricardo Fasanello, ambas no acervo da Herança Cultural | Fotos: Reprodução @herancacultural

Herança Cultural

A Herança Cultural (@herancacultural) é uma galeria de arte que não se encerra nas obras. Ela percorre tanto a produção contemporânea do design nacional, como oferece exemplares vintage dos anos 1950, 60 e 70. No espaço na Lapa de Baixo, a galeria tem expostos exemplares de nomes como Martin Eisler e Sergio Rodrigues, além de mostras temáticas e solos.

Balcão em caviúna datado dos anos 1960 e escrivaninha industrial, da década de 1970, em aço e fórmica, ambos na Jardin | Fotos: Reprodução @jardinvelharia

Jardin Velharia

Um galpão de um negócio familiar no bairro da Água Branca é a sede da loja de móveis antigos Jardin Velharia (@jardinvelharia). O foco é online, mas é possível pra visitar o galpão que dá ênfase aos móveis e decoração vintage das décadas de 1950 a 80. Ah! Se você frequentava a Vila Buarque antes de 2020, deve ter passado pelas cafeterias Jardin e Quintal do Centro. A loja surgiu da venda dos móveis garimpados desses dois lugares, fechados em decorrência dos impactos econômicos da pandemia.

Na galeria Verniz há peças assinadas, mas não só: é possível encontrar originais de décadas passadas que eram feitos por fábricas e manufaturas de altíssima qualidade | Fotos: Reprodução @vernizsp

Verniz

A Verniz (@vernizsp) é uma galeria de design e arte que passou pelos eixos Augusta e Jardins e, agora, está na Barra Funda. O espaço foi fundado pelo trio Fábio Matheiski, Paulo Bega e Luciano Tartalia e, neste novo endereço, abre espaço para marceneiros da região. Peças de Carlos Motta, Percival Lafer, Móveis Artesanal e José Zanine Caldas fazem parte da curadoria.

Na Legado, luminária criada por Livio Edmondo Levi (à esq.) e escrivaninha Xerife, restaurada pela S.O.S. Móveis Antigos | Fotos: Reprodução @legadoantiguidades e @sosmoveisantigos

Rua Cardeal Arcoverde

A rua Cardeal Arcoverde percorre o bairro de Pinheiros e traz, especialmente entre as avenidas Henrique Schaumann e Faria Lima, uma grande variedade de lojas que realizam compra, venda, restauro ou modernização de peças antigas, tanto de decoração, quanto de mobiliário. Entre elas estão Legado Antiguidades (@legadoantiguidades); A Capela Móveis Antigos (@capelamoveis ) e S.O.S. Móveis Antigos (@‌sosmoveisantigos). Mas não para por aí, vale bater perna e descobrir novas portinhas que, muitas vezes, levam a grandes acervos.

Poltrona Bola de Latão, assinada por Lina Bo Bardi, em 1951 (à esq.), no Antiquário Cardeal e o lustre Baccarat, da Began Antiguidades, aberta desde 1908 | Fotos: Reprodução @antiquariocardeal e @beganbrasil

Rua da Consolação

A Rua da Consolação também é um destino apreciado para quem deseja fazer um garimpo mais ‘raiz’, em alguns endereços que marcam presença há anos no mundo dos móveis e objetos antigos. A partir do número 1.000 da via e por cerca de 3 km, você encontra lojas como a Objetos de Cena (@objetosdecena) – que tem como público alvo as produções de cenários, mas também atende a clientes finais de decoração – e alguns antiquários históricos, a exemplo do Antiquário Cardeal (@antiquariocardeal) e do centenário Began Antiguidades (@beganbrasil); neste, atente-se para os lustres e cristais Baccarat.

No acervo da Maria Jovem peças como as Loop Chairs (1954), do suíco Willy Guhl (à esq.), e carrinho de chá Jorge Zalszupin e outras peças na Ben-Hur Antiguidades | Fotos: Reprodução @mariajovem_sp e @benhurantiguidades

Rua Treze de Maio

Mais uma rua que concentra boas lojas vintage é a rua Treze de Maio, na Bela Vista, na região central de São Paulo. O bairro boêmio e italiano do Bixiga já vale pelo passeio, por conta do casario ainda presente e da gastronomia. E a Treze reúne lugares com boas surpresas para quem deseja ser encontrado por seu novo-velho décor. Ali, a Maria Jovem (@mariajoven_sp) realiza locações, compra e venda de móveis e objetos retrô e vintage, além de obras de arte. Já o Ben-Hur Antiguidades (@benhurantiguidades) foca em peças das décadas de 1950, 60 e 70.

Na Feira do Bixiga, uma das mais tradicionais de SP, há de tudo como os eletros da Loja Retrô 63 (à esq.) e as louças de Áurea Cleide Sellan | Fotos: Reprodução @feiradobixiga

Nas feiras

Nos dias de sol, aos finais de semana, que tal um passeio pelas feirinhas? A Feira Benedito Calixto (@feirabeneditocalixto.oficial) está em atividade desde o final dos anos 1980 e, aos sábados, mais de 10 mil pessoas passam pelas barracas que reúnem artistas, antiquários, colecionistas, artesanato e gastronomia. Sempre tem música, apresentações artísticas e opções interessantes de gastronomia na própria praça ou nas ruas ao redor. Também presente no universo paulistano desde a década de 1980, a Feira do Bixiga (@feiradobixiga), na praça Dom Orione, dá ênfase ao colecionismo e às antiguidades. É possível encontrar no mercado de rua, aos domingos, de peças baratinhas a raridades, de brinquedos a móveis. Fique de olho nas ruas laterais, que reservam casas repletas de peças com grande potencial.

Não está em São Paulo ou prefere compras pela internet? A DW! fez uma curadoria de lojas de móveis, tapetes, objetos e louças antigas que têm foco na venda online. Não deixe de acompanhar o conteúdo no nosso Instagram.

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