Ao olhar para o passado, o artista visual multimídia Luiz Martins traça o presente e faz nascer uma conexão entre os tempos, restaurando uma ligação profunda com a história que nos é comum. O interesse pelas manifestações telúricas e ancestrais, que hoje parece evidente em suas obras, é resultado de um caminho vivo entre a cidade onde nasceu – a mineira Machacalis, no Vale do Jequitinhonha -, a ida à Bahia, depois São Paulo aos 17 anos e o mundo, em inúmeras exposições individuais e coletivas em Los Angeles, Viena, Berlim, Bratislava, Vilnius, Londres, Lisboa, Milão, Bolonha e Tóquio, além de diversas cidades brasileiras.
“Sempre olho para aquele menino de Machacalis e vejo como a arte transforma uma vida”, destaca Luiz Martins.
Quando chegou a São Paulo, um dia foi ao cinema e percebeu que sua vida poderia ter outras possibilidades. “Fiz a matrícula em uma escola de pintura e desenho, algo que até então nunca tinha passado pela minha cabeça”, conta Luiz Martins. Depois de iniciar em 1992 o curso de pintura e desenho no atelier dos artistas Adriana Rocha, Luis Sôlha, Renata Barros, Mo Toledo e outros, tornou-se assistente da Adriana Rocha e Renata Barros. Em 1994, passou a ser assistente do artista Zélio Alves Pinto, ficando até 2006. Nesse período começa a frequentar exposições e museus de São Paulo, além de iniciar seus estudos referentes a arte primitiva, arte indígena e outras manifestações de povos originários do mundo, como Oceania, África e Peru.
A investigação em sítios arqueológicos como a Pedra do Ingá, na região potiguar e paraibana do Seridó, além de localidades no Centro-Oeste e Sul do País, foi o divisor de águas. Estuda, viaja, documenta, cria: sua produção autoral passou a incorporar uma pesquisa consistente em arqueologia, etnologia e literatura brasileiras, refletida em sua arte visual multimídia.
Ele produz espaços-afetos utilizando pintura, aquarelas, escultura, gravura, colagem, desenho, cenografia, design de móveis e de objetos, ativando nas obras materiais como fibras, madeira, pedra, aço, pigmentos naturais, papeis e telas, combinando formas geométricas e orgânicas.
O conjunto da arte de Luiz Martins propõe, sobretudo, enigmas. São formas simples, irregulares, isoladas ou combinadas, estáticas ou dinâmicas, que revelam maravilhas inventadas ou que representam o que de fato existiu. Intrigantes, suas criações são meditações que revelam um artista vibrante e atento do mundo, apaixonado pela pesquisa e que vai na contracorrente do que é superficial. Utiliza da simplicidade e da habilidade de criar equilíbrio para reelaborar o que é conhecido, em desenhos que são massas e engrenagens de grandes formatos.
Propões, experimenta e inventa estéticas, seres e mundos. Funda sua própria mitologia, que valoriza o visual e o conceitual partindo dos vestígios gráficos de povos originários – sem impor interpretações ou tradições, mas sobrepondo camadas de significados que provocam questionamentos. É sobre linguagem, existência e criação – que são, por natureza, complexas.
É fascinante pensar o quanto suas peças se exibem também como os preciosos achados arqueológicos que as inspiraram desde o começo – razão pela qual elas nos despertam a sensação de intimidade e, ao mesmo tempo, curiosidade. Suas peças convidam a interagir com um olhar mais atento e os sentidos abertos. A arte de Luiz Martins atravessa e acessa gradualmente o território do inconsciente, nos reenviando, enfim, a nós mesmos e à humanidade que temos em comum.
Conheça mais o trabalho de Luiz Martins no Instagram, em seu perfil @studioluizmartins.
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2 respostas
Parabéns Luiz Martins.
orgulho de Machacalis/MG
Quanto orgulho de você, meu amigo!
Merece todo o sucesso que o universo lhe dá e dará.
A sua ancestralidade compõe a sua arte e isso é muito belo!
Voe….ganhe o mundo!
Você é gigante demais!
Da sua amiga de ontem, de hoje e sempre,
Elem Marques.