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Neurodesign, cores e outros temas são destaque na entrevista com Marcia Holland, do Portal de Tendências

Você sabia que novidade não é o mesmo que tendência? Novidade é algo efêmero, enquanto tendência é transversal e vai impactar nos meios de produção, em tecnologias emergentes, nos negócios e na sociedade como um todo. À frente do Portal de Tendências (@portal_detendencias) há mais de três décadas, Marcia Holland é expert no assunto e aceitou o convite da DW! para este bate-papo.

Formada em artes (FAAP) e arquitetura e urbanismo (Mackenzie), Mestre e Doutora pela FAU-USP, pós-graduada em Neurociências, Consumo e Marketing (PUC-RS) e com uma série de outros cursos e experiências no vasto currículo, a professora e consultora traz ao festival três workshops e uma masterclass que abordam cores, design e neurociência.

Pra aguçar sua curiosidade sobre os temas, confira a entrevista a seguir!

DW!: O que significa o conceito de CMF [Color-Material-Finishing], que é o tema do livro lançado nesta DW! SP 2024?
Marcia Holland: CMF é a sigla derivada das palavras Color-Material-Finishing, ou seja, cor, material e acabamento. O CMF Design é uma área importante na arquitetura e no design. Não se trata apenas de critérios de escolha, mas o entendimento de conceitos contemporâneos de análise sensorial e Neurodesign. Como o assunto é extenso, para tratar o CMF, estruturei a publicação em 3 volumes. Durante a DW! SP 2024 será lançado o volume 1 – CMF: A essência das cores, que agrupa os principais conceitos das cores tratados no meu doutorado de forma bastante acessível, especialmente pensado para profissionais que dependem de escolhas e critérios aliados à criatividade aplicados em projeto.

DW!: Qual a importância de incluir as análises das cores em projetos de arquitetura e design?
Marcia Holland: Hoje, graças aos recentes estudos em Neurociência, sabemos que as teorias de percepção e compreensão do espaço passaram por transformações. Muitos conceitos foram quebrados e novas construções de conhecimento abordam aspectos importantes da memória, dos estados de atenção, da Neuroestética e do processamento cerebral. Muitas vezes, as pessoas não compreendem por quais motivos não se sentem bem em um determinado ambiente e a resposta pode estar em certas cores e materiais usados ali.

A análise sensorial é fundamental para conhecer este universo, mapear e propor soluções criativas que promovam o bem-estar. No caso do design de produtos, as cores funcionam de forma transversal aos aspectos qualitativos e conceituais.

Por exemplo, um produto bem desenhado e com proposta estética adequada pode não ter a preferência do consumidor. Quando aplicamos a metodologia para análise sensorial – que faremos nos workshops e na masterclass durante a DW! SP -, observamos que muitos aspectos estudados pela Neurociência não foram considerados. São pequenos ajustes que podem resolver grandes problemas.

DW!: Como estes estudos têm evoluído, chegando ao Neurodesign, e quais são, na sua visão, os próximos passos dessa ciência?
Marcia Holland: Os estudos em Neurodesign estão evoluindo, fornecendo respostas e auxiliando a construção de conceitos aplicados a projetos nas mais diversas áreas como arquitetura e urbanismo; design de interiores ou design de interface [UI] e experiência do usuário [UX].

O Neurodesign é um campo emergente na prática do design e se relaciona a como nosso cérebro compreende estímulos visuais, sonoros, táteis e olfativos e os interpreta por meio das emoções e sentimentos. No caso do design, é fundamental compreendermos como a cor, a forma, o padrão e o acabamento são percebidos e interpretados de forma global. Afinal, os estímulos visuais não são percebidos de forma isolada: a experiência ocorre na totalidade dos estímulos e é por isso que o Neurodesign é importante.

DW!: Sobre quais temas serão os outros dois volumes da sua série de livros?
Marcia Holland: O volume 2 vai abordar o CMF aplicado aos materiais e acabamentos. E o volume 3 trata de conceitos recentes de análise sensorial e Neurodesign. Todos vão ser publicados este ano.

DW!: Quando e por que você decidiu começar o Portal de Tendências e como são os projetos realizados por vocês?
Marcia Holland: Esta é uma excelente pergunta. À medida que eu era convidada a participar de comitês de empresas multinacionais para escolha de cores padrão e ser requisitada a fazer trabalhos fora do país, percebi que os bureaux de tendências privilegiavam a indústria têxtil, mas que as outras áreas ficavam à margem dessas consultorias. Os fabricantes visitavam as grandes feiras e eventos internacionais, mas ficavam inseguros em lançar seus novos produtos no mercado brasileiro. Não conseguiam distinguir o que era ‘novidade’ e aquilo que sinalizava ‘uma tendência’.

Depois, outras empresas começaram a me procurar para estruturar conceitos e indicadores para projetos de adaptação ou tropicalização de produtos. Deu muito certo. Isso foi em 1988. Mais tarde, fui convidada a participar de comitês de tendência, delineando aspectos do projeto e do CMF. Atualmente, os projetos e relatórios técnicos de tendências do Portal são voltados a orientar a indústria nos diversos setores de consumo: materiais especiais, revestimentos, embalagens, novos conceitos e produtos exclusivos.

Em 2008, comecei a ministrar cursos específicos na área de cores e CMF. Em 2018, o Creative Lab, braço educacional do Portal de Tendências, focou suas ações na área de formação por meio dos Cursos de Extensão, Workshops e MasterClasses. Percebemos que, na área de tendências e metodologias, há uma demanda por profissionais que devem apresentar competências na aplicação de métodos consagrados para a leitura de contextos e construção de futuros possíveis, sem especulações e com bases sólidas.

Lidar com tendências é um trabalho muito sério e exige responsabilidade, pois você está direcionando uma indústria e, até todo um setor produtivo. Pesquisar tendências exige o conhecimento e aplicação de metodologias corretas e podemos auxiliar nessa formação.

DW!: Quais as tendências que os profissionais de Arquitetura e do Design precisam acompanhar para criar projetos efetivos e inovadores?
Marcia Holland: Em primeiro lugar, pensar além do óbvio. Pesquisar, buscar referências e inspirações é praticamente 50% das horas de um projeto, que pretende ser inovador ou disruptivo. Toda vez que a arquitetura sofreu profundas transformações é porque houve uma revolução da técnica e das tecnologias. O profissional destas áreas deve estar antenado a esses grandes pontos de virada, que vão muito além das micro tendências [cor do ano, decoração da novela etc].

Pesquisar novos materiais, lançamentos, compreender o propósito e aplicação daquilo que se deseja projetar deve fazer parte do dia a dia. A mentalidade curiosa propagada por Leonardo da Vinci deve ser o cotidiano do profissional criativo. Ler é essencial, a começar pelo jornal, seja digital ou papel.

Há poucos dias, por exemplo, foi noticiado que Riken Yamamoto é o novo ganhador do Prêmio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitetura. Apesar de já conhecer a sua obra, fiquei encantada com imagens de edifícios mais recentes e me passaram inspirações para um produto. Produto? – você pode me perguntar. E eu respondo: Sim.

Os conceitos não são estanques e a criatividade pode advir de uma leitura, um filme, uma ida ao supermercado e de imagens! Existem formas de proporcionar momentos criativos e educar o nosso olhar para ver coisas novas o tempo todo. Faremos isso nos workshops e na masterclass durante a DW! SP.

DW!: O que podemos esperar dos workshops?
Marcia Holland: Muita mão na massa e novidades! Para começar, os workshops vão ser realizados na Questtonó, mais especificamente na cobertura, onde a iluminação é incrível! Os workshops estão estruturados para terem duas horas e meia de duração, mas são dinâmicos, com atividades práticas, materiais importados exclusivos, pastas. E todos os participantes recebem, também, um exemplar do livro CMF: A essência das cores; uma cartela de cores Tendências 2025/26 e o certificado.

Tanto os cursos do CreativeLab, no Portal de Tendências, como workshops in company ou na DW! SP têm um número de vagas limitado. Isso é para garantir a qualidade do trabalho e interação com os participantes.

Todos os detalhes dos cursos do Portal de Tendências no festival estão neste Acontece. Para receber mais conteúdos sobre a DW! SP e o universo do design em primeiríssima mão, assine nossa newsletter no botão abaixo. E não deixe de acompanhar nosso perfil no Instagram: @dwsemanadedesign.

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