Responde pra gente: o quanto você gosta de estar em um ambiente externo, com plantas, bom sombreamento, mobiliário confortável, elementos que incluam água e outros detalhes que criam um momento mais agradável e sensível?
Coordenar esses fatores e aliá-los à proposta de uso do lugar é parte do trabalho do paisagista, seja em projetos residenciais, comerciais ou mesmo em espaços públicos. É esperado que o profissional entenda de botânica, jardinagem, arquitetura e urbanismo – e que, com esse conjunto de conhecimentos, seja capaz de traçar assinaturas únicas colocando a natureza como ponto de partida.
No Brasil, o nome mais conhecido da área é, sem dúvida, o artista plástico, paisagista e designer Roberto Burle Marx (1909-94). Ele assinou grandes obras como o Aterro do Flamengo (RJ) e o Parque Ibirapuera (SP), além de deixar sua marca registrada em projetos de menor escala – mas não menos conhecidos. Alguns deles são a célebre Residência Edmundo Cavanelas, com arquitetura de Oscar Niemeyer, e o próprio Sítio Burle Marx, onde viveu e que atualmente é Patrimônio Mundial na categoria Paisagem Natural, eleito pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O mestre foi responsável pela introdução do paisagismo moderno no país, mas nossos jardins exuberantes têm mais nomes de peso à frente de suas composições, como Rosa Kliass, conhecida como poeta da paisagem. Assim como Burle Marx, Rosa fez história em projetos modernos, entre os quais o Parque da Juventude, que ocupou o lugar do antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, em São Paulo.
Mas e hoje? Quem são os profissionais que transformam a paisagem cultural que nos cerca através da flora? A DW! destaca dez paisagistas contemporâneos que vão encher os olhos e transformar sua perspectiva diante das paisagens.
Alex Hanazaki
Alex Hanazaki é considerado um dos maiores nomes do paisagismo contemporâneo no Brasil. Trabalhando jardins como obras de arte, o paisagista criado no interior de São Paulo estrutura projetos tão emocionais quanto cosmopolitas, com os pés bem fincados na terra. Os espaços desenhados pelo escritório que leva seu nome são, sobretudo, minimalistas (veja a foto que abre a matéria), mas atentos às minúcias. Não por acaso, Hanazaki é o único estúdio brasileiro de arquitetura paisagística premiado pela ASLA – American Society of Landscape Architects, em 2014 e 2017.
Gil Fialho
Gil Fialho soma mais de duas décadas de experiência e vê no desenvolvimento de seus jardins a concretude do resgate da identidade do local em que está inserido. Estudioso da flora brasileira, Gil busca o benefício ecológico e a integração do ambiente externo ao conjunto arquitetônico da forma mais natural possível. Os ares de suas criações são tropicais, uma característica que se originou no início da carreira, no litoral norte de São Paulo, em uma comunidade agrícola. Em seus jardins, espécimes nativos são aplicados com uma visão naturalista.
Isabel Duprat
Isabel Duprat atua como arquiteta paisagista há 45 anos e desbravou a concepção de jardins baseando seu trabalho no respeito à natureza, fazendo dela o caminho para espaços integrativos e sensoriais, entre a paisagem natural e a arquitetura. A paisagista cursou arquitetura na FAU-Mackenzie; estagiou com Burle Marx; participou de expedições com a botânica Natuza de Menezes; trabalhou com parques e áreas verdes na cidade de São Paulo e teve uma loja-chácara no coração da metrópole, herdada do jardineiro português Fernando Silva. Com tanta experiência, cria com texturas e oferece caminhos à paisagem. Para arrematar, é a única brasileira a figurar no livro Women Garden Designers: 1900 to the Present.
Isabela Ono + Julio Ono + Gustavo Leivas
O escritório de paisagismo que leva o nome de Burle Marx foi por ele fundado em 1955 e estruturou o estilo de composição que associa a abordagem plástica de forte viés artístico e o uso de plantas nativas com cores fortes e vivas. Depois do mestre, Haruyoshi Ono dá continuidade ao legado por mais de 20 anos, como mentor criativo. Em sua terceira geração, o trio Isabela e Julio Ono – filhos de Haruyoshi – e Gustavo Leivas seguem no trabalho. Isabela é coautora de projetos como a restauração do Parque do Flamengo (RJ) e hoje é diretora executiva do escritório e do Instituto Burle Marx.
Luiz Carlos Orsini
Com quase 40 anos de estrada, Luiz Carlos Orsini se formou em paisagismo em 1984, na Espanha. Trabalha desde 1979 e, entre centenas de projetos, é o responsável pelos jardins do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), com mais de 260 mil m2. Sua experiência extrapola a concepção de espaços verdes: Orsini é especialista no transplante de plantas adultas e ultrapassou o plantio de mais de 10 mil espécimes de palmeiras e árvores.
Marcelo Faisal
Marcelo Faisal acumula a experiência de mais de duas décadas de trabalho. O arquiteto, agrônomo e paisagista traz da Bauhaus a ideia que rege seus projetos: forma segue função. Em diversas escalas, desenvolve jardins com pouco consumo hídrico e baixa manutenção, em busca de paisagens mais sustentáveis. Versátil, trabalha tanto com elementos retilíneos como orgânicos, a partir de estudos preliminares. Para dar conta de seus próprios projetos, criou o Viveiro Villa Lobos (hoje aberto para atacado e varejo) que tem como destaques as espécies resistentes ao tempo seco.
Renata Tilli
Renata Tilli é a terceira geração de uma família que se dedica ao cultivo de plantas, ao paisagismo e à preservação da Mata Atlântica. Há mais de quatro décadas, apura seu olhar para o apuro estético-sensorial baseado na observação da natureza. Especialista em botânica e horticultura, trabalhou em projetos de diversos portes e usos, com destaque para a recuperação de matas em fazendas cafeeiras centenárias.
Ricardo Cardim
O botânico e paisagista Ricardo Cardim recebeu em 2021 o Muriqui, um dos principais prêmios ambientais do país, cedido pela Reserva da Biosfera Mata Atlântica RBMA-UNESCO. Em seu escritório, a busca é pela valorização do potencial da biodiversidade brasileira a fim de criar não só projetos bonitos, mas multifuncionais. Cardim trabalha com arquitetura paisagística e consultoria, mas também com o Floresta de Bolso, um projeto de restauração da Mata Atlântica baseado na dinâmica competitiva-cooperativa, que respeita a evolução natural de um recorte florestal. Todavia, o conceito se adapta à escala urbana, em espaços a partir de 15 m2, em uma forma de reconectar as pessoas ao patrimônio nativo.
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