Mãos e máquinas. Antagonistas? Colaborativos? Codependentes? Cocriativos? Taí uma dúvida que vem pairando no ar, de forma mais ou menos intensa, desde a Primeira Revolução Industrial. Em meados do século 18, instalava-se o paradigma inicial para a produção em grande escala, provocando mudanças sociais e econômicas em todo o mundo.
Hoje, em tempos de Inteligências Artificiais e Globalização, a dicotomia entre o artesanal e a tecnologia ainda se faz lugar de questionamento proeminente. Mas não deixa de propor possibilidades e, acima de tudo, um mergulho no que há de mais humano. Se ‘a máquina’ é capaz de ampliar nossas capacidades, é o fazer manual que resgata o que nos faz singulares e dá lastro ao processo criativo.
Não por acaso, a DW! Semana de Design de São Paulo escolhe o tema Mãos e Máquinas para dar corpo à identidade visual da 14ª edição do festival, de 10 a 16 de março. O evento reúne centenas de profissionais, empresas, formadores de opinião, estudantes e entusiastas que colocam em movimento o design e todo um universo que envolve urbanismo, arquitetura, arte, economia criativa, inovação e tecnologia.

Identidade Visual, mais que imagética
Mãos e Máquinas é o segundo tema para a identidade visual proposto pela DW! e, mais uma vez, foi desenvolvido pelo estúdio m-cau, da arquiteta, designer gráfica e educadora Maria Claudia Levy Figliolino.
Em 2024, o ‘mapa das águas invisíveis de São Paulo’ ganhou destaque na proposta visual e permeou discussões e ações durante a semana de design. À época, Lauro Andrade, idealizador e CEO da DW!, afirmou: “Mais que um tema, pensar sobre essas águas invisíveis e essenciais em São Paulo tem uma abordagem educativa e construtiva que se conecta ao universo de temas do festival.”
Muda o tema, mas o intuito permanece: fomentar conversas. O design gráfico proposto em Mãos e Máquinas explora tensões e possibilidades criativas. A estrutura conceitual remete a tramas manuais, que lembram bordados e tapeçarias, mas ganha tratamento digital e várias camadas de referências visuais: mapas, pixels, grafismos geométricos, fragmentações circulares.
Bolhas que se unem, ‘rodas’ de conversa que podem se fundir e espalhar digitalmente, marcadas por cores um tanto ácidas e, ainda assim, vívidas e joviais, sobrepostas e combinadas. É a manifestação de um “território híbrido, [onde] designers atuam no cruzamento entre o analógico e o digital, criando uma nova linguagem que mistura a inovação tecnológica e a sensibilidade do trabalho manual”, como indica uma das linhas mestras desenvolvidas por Maria Claudia.

Detalhes nada banais
A identidade visual – que já permeia todas as comunicações da DW! – incorpora uma fonte de texto assinada pelo estúdio MuirMcNeil, de Hamish Muir e Paul McNeil, radicado em Londres. Focado em design gráfico, o trabalho do duo explora sistemas e algoritmos como métodos para o desenvolvimento de fontes, projetos gráficos completos e imagens em movimento.
A escolha da fonte é precisa e sugere um caminho no qual o uso da técnica, da máquina e suas possibilidades se relacionam com a criação, o desejo e a mente humanos. Mais que uma conexão, chama atenção para uma fusão dinâmica e um processo de criação contínua. Algo que Miguel Nicolelis, médico e neurocientista brasileiro, professor emérito da Universidade de Duke, aponta em uma entrevista recente ao UOL: “O cérebro é analógico, não existe a distinção entre hardware e software, é tudo misturado, porque computa com a estrutura”. É, temos muito o que pensar…
Gostou da proposta da identidade visual da DW! SP 2025? Então prepare-se para aprofundar essa conversa com a gente. Marque na agenda: de 10 a 16 de março de 2025, o maior festival urbano de design, arquitetura e interiores do Brasil e da América Latina concentra lançamentos, palestras, oficinas, exposições, instalações, feiras de design autoral e muito mais. Grande parte dos eventos é gratuita e com acesso livre.
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