Os trabalham exploram a tridimensionalidade da escrita e buscam traduzir sentimentos
Precisamos falar sobre por que precisamos falar. Após dois anos e meio de medo, perdas, certezas abaladas e questionamentos profundos, dentro de cada indivíduo há um acervo de emoções não-elaboradas. Ao perceberem o quanto esse emaranhado de sentimentos era algo generalizado, o fotógrafo e diretor criativo Felipe Morozini e a artista plástica Edith Diesendruck resolveram apontar uma possibilidade de alento na exposição que a Estar Móveis prepara todos os anos para a DW!
“Vemos que, depois da pandemia, as pessoas têm vontade de falar, de colocar para fora o que ficou guardado”, afirma Morozini. Assim surgiu o conceito da mostra Tudo Que Não Foi Dito, que reúne trabalhos de 24 artistas plásticos e designers cuja obra utiliza a palavra como objeto e explora a tridimensionalidade da escrita.
Criações do poeta Augusto de Campos, do compositor Arnaldo Antunes e da artista plástica Regina Silveira compõem o conjunto da exposição. “Alguns dos trabalhos têm décadas. Mas entendemos que, aquilo que já foi dito, quando lido novamente em 2022, assume outro significado”, explica Morozini. Nomes como Nazareno Rodrigues, Paolla Muller, Rochelle Costi, Mana Bernardes, Rita Wainer, Tomazicabrail (Nicole Tomazi e Sergio Cabral) e Verena Smit também cederam obras ou elaboraram novas peças para a mostra. Entre as inéditas, está um sofá sobre o qual o grupo Bordadeiras do Itaim Paulista reproduziu anotações feitas por Morozini em cadernos ao longo de dois anos. “Tentamos contemplar o maior número possível de superfícies”, conta Edith.
Na cenografia, as obras estão distribuídas de forma não-linear. “Seguimos um roteiro sem lógica. Também optamos por não colocar a identificação de autoria ao lado de cada peça. Queremos que os visitantes sintam e experimentem a exposição à sua maneira e se identifiquem com as palavras que acharem mais tocantes”, diz Morozini.
Para quem quiser saber quem escreveu o que, haverá um mapa disponível. Morozini e Edith lembram ainda que a concepção da mostra está afinada com as características da era digital e da cultura da imagem. “Atualmente, é muito comum compartilharmos nas redes sociais imagens de frases. Quando não conseguimos expressar o que desejamos dizer, tomamos emprestado as palavras de alguém que elaborou aquele sentimento de uma forma melhor”, fala Morozini. Mais uma vez, a arte cumpre seu papel de espelho e tradutora de emoções.
De 5 a 10 de setembro (de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 16h), na al. Gabriel Monteiro da Silva 1080. Acompanhe a Estar Móveis no Instagram: @estarmoveis.