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Conheça nossas curadoras: Winnie Bastian

Em 2020, o conceito curatorial da DW! articulará propostas em torno de três eixos: Outdoor – O despertar da cidade; Indoor e Digital Exponencial. E para fazermos uma edição adequada ao cenário atual mantendo o padrão de excelência, relevância e qualidade, convidamos, pelo segundo ano consecutivo, as jornalistas Lúcia Gurovitz e Winnie Bastian para compor a curadoria do festival.

Winnie Bastian é arquiteta, fez mestrado em Moda, Cultura e Arte, mas sempre trabalhou como jornalista de design, tendo mais de 20 anos de experiência na área. Conversamos com Winnie sobre o conceito curatorial, a importância do design em uma pandemia, as semanas de design pelo mundo e outros assuntos. Confira!

Pelo segundo ano consecutivo, você está no time de curadoria da DW! Semana de Design de São Paulo. Do ano passado pra cá muita coisa mudou, é natural que a abordagem curatorial esteja atenta a essas mudanças e aos novos comportamentos, necessidades, às restrições e aos temas mais atuais que necessitam ser debatidos. Como isso será abordado na edição deste ano? Comente as linhas curatoriais deste DW!

Diante do cenário atual, é fundamental redefinir estratégias para garantir que a DW! aconteça de forma segura e responsável e continue sua missão de divulgar nosso design e inspirar profissionais do setor e público final. A meu ver, a combinação entre o físico e o digital pode potencializar e ampliar a experiência no evento, uma vez que expande o conteúdo a um público muito maior. Também acredito muito no potencial dos eventos outdoor, que podem criar conexões significativas com a cidade.

museu das cadeiras
Museu das Cadeira na Casa Brasil Eliane durante a DW! 2019


Quais são os papéis das curadoras na DW! Semana de Design de São Paulo?

Quando concebe uma exposição, por exemplo, o curador deve pensar na narrativa a ser construída para que o público compreenda o conteúdo e seja envolvido por ele. No caso de um festival de design, esse conceito permanece: nosso papel é ajudar as marcas a contar histórias por meio do design.

Qual a importância do design em uma pandemia?

A meu ver, a importância é enorme. O design pode não apenas servir para divulgar informações vitais no controle e no combate da pandemia e auxiliar na “educação” da população, mas também colaborar para a proteção das pessoas (como projetos de equipamentos de segurança e desinfecção) e auxiliar no tratamento dos doentes (no início da pandemia, por exemplo, diversos laboratórios de design de universidades em todo o mundo trabalharam paralelamente na criação de respiradores para dar conta da imensa demanda). Por fim, o design ainda tem o papel de contribuir para que as pessoas possam viver melhor neste período, readaptando suas casas, objetos cotidianos e meios de transporte para que o impacto na qualidade de vida seja o menor possível.

“Às vezes me sinto tão pequeno”, mostra da Estar Móveis, curada por Felipe Morozini


Quais são os elementos mais importantes da curadoria de design e no que o público deve ficar atento ao participar de uma atividade da DW!? 

Considero clareza, coerência e “interessância” um tripé fundamental na construção de qualquer narrativa – e isso se aplica, sem dúvida, à curadoria de design, em que entra mais um fator fundamental, na minha opinião: a originalidade. Acho impossível construir uma curadoria consistente incluindo cópias ou produtos “inspirados”.

Quais foram os projetos mais empolgantes da edição passada? 

Que pergunta difícil! Mas vamos lá, vou tentar me ater a cinco:

– A instalação Jardim Suspenso, criada pelos irmãos Campana na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi: as várias colunas de piaçava criadas na sala de estar da residência estabeleciam um diálogo da “natureza construída” com o vigoroso jardim que envolve a construção;

– A mostra Às vezes me sinto tão pequeno, na Estar Móveis, curada por Felipe Morozini, girava em torno da imensidão do Cosmos e de quão minúsculos nós somos diante dele.

– A exposição Amostrada, no Shopping D&D, com curadoria de Rodrigo Ambrosio e Beto Cocenza, trazia cadeiras e poltronas feitas por artistas e artesãos de diversas regiões de Alagoas

– A mostra com peças do Museu das Cadeiras Brasileiras, hospedada na Eliane, foi uma excelente oportunidade para se conhecer parte do eclético acervo deste museu implantado em Belmonte (BA); 

– A exposição Natureza transitória, da ceramista Heloisa Galvão na Aesop Vila Madalena, tinha como tema o caráter mutante da porcelana e seus diferentes estados ao longo do processo de criação e execução das peças. Destaque para as grandes pias de concreto presentes na entrada da loja, que, preenchidas com porcelana líquida, convidavam os visitantes a mergulharem suas mãos e interagirem com o material. 

As semanas de design pelo mundo precisaram se reinventar. Quais foram as melhores atrações que você viu nos festivais realizados em outros países?

No campo digital, gostei muito da forma como a Maison & Objet se organizou: era possível visitar virtualmente os “stands” montados e também conferir os produtos individualmente; além disso, várias palestras e mesas-redondas complementavam o conteúdo. No que diz respeito a eventos físicos, penso que tanto o London Design Festival quanto a Milano Design City trouxeram ótimos exemplos do mix entre eventos físicos indoor (boa parte deles recebendo os visitantes com hora marcada) e outdoor, sempre com complementos digitais.

Exposição “Natureza transitória”, da ceramista Heloisa Galvão na Aesop Vila Madalena

Como sua formação  influenciará a curadoria? Existe um diálogo entre as curadoras? O que vocês debatem?

Minha formação acadêmica é em Arquitetura e Urbanismo – acabei “caindo de paraquedas” no jornalismo de design e arquitetura e amei! – e sinto que esse background me ajuda bastante até hoje. Mas respondendo à sua pergunta, penso que existem dois pontos importantes que influenciam a curadoria. Em primeiro lugar, a profissão de jornalista me proporciona a construção e ampliação constante de repertório (resultado de pesquisas, entrevistas, visitas a feiras nacionais e internacionais, etc), fator que considero fundamental. Outro ponto a ser considerado é que a construção de narrativas é parte do dia-a-dia de um jornalista, o que certamente contribui aqui também. Existe, sim, um diálogo entre nós, cujo foco principal é evitar ações/eventos com caráter similar durante o festival.

Quais experiências e reflexões você espera que os visitantes – tanto da etapa presencial quanto virtual – tirem deste DW!?

Cada visitante vivenciará o festival à sua própria maneira – as impressões e experiências serão resultado também do background de cada um –, mas de forma geral espero que sejam inspiradas pelas ações propostas e pelos produtos lançados, e que, neste contexto, percebam o poder do design para melhorar efetivamente a vida das pessoas (em todos os momentos, mas especialmente em situações como a de agora).

Quais são os legados que um evento como a Semana de Design pode deixar para a cidade, para o mercado e para as pessoas?

Para as pessoas, acredito que já respondi acima. Para o mercado, o grande legado é uma ampliação geral da consciência do público em relação ao valor do design. Para a cidade, espero que as ações outdoor, que este ano devem acontecer em grande número, sejam um estímulo para que as pessoas voltem a se apropriar dos espaços públicos com mais intensidade.

Leia também a entrevista com Lúcia Gurovitz. Anote na agenda: a DW! Semana de Design de São Paulo acontece de 08 a 14 de novembro em formato híbrido: presencial e digital. Acompanhe-nos pelo Instagram e fique por dentro das novidades: @designweekendsp.

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