Após mais de 18 meses fechado por conta da crise sanitária mundial, o Instituto Bradi – Casa de Vidro reabre as portas para visitação durante a DW! com a mostra Tipologia de uma segunda vida com obras do designer Rodrigo Silveira.
O diretor executivo do Instituto Bardi Waldick Jatobá, que assina a curadoria, defende que “a exposição explora o processo manual e o conceito por trás de toda criação de Rodrigo Silveira. Mais do que produzir o objeto em si, seu pensamento está no processo e convida para uma reflexão sobre o meio ambiente e a forma de extrativismo atual.” Para o diretor, a mostra marca o retorno do Instituto à agenda cultural de São Paulo de uma forma reflexiva e consciente.
Designer que trabalha com madeira desde 2005, Rodrigo Silveira é tão interessado no processo quanto no resultado. Na exposição, 12 peças constroem a narrativa que começa no tombamento de uma árvore e termina no objeto produzido, um móvel para sentar-se. “Entendi que o trabalho não começa na oficina, mas na floresta, na transformação de um ser poderoso em uma peça subserviente“, explica Rodrigo Silveira.
Favorável ao manejo florestal sustentável comunitário, em que os recursos naturais são utilizados de maneira planejada e racional, colaborando com a preservação ambiental, a renovação da floresta, e o benefício para as comunidades ao seu entorno, Rodrigo conta sua história por meio das obras. Acompanhando o processo de extrativismo, imagina a sensação de sofrimento da árvore no caminho em que vira um móvel: “Qualquer tipo de extração tem um preço, muitas vezes pouco palpável e é este cenário que tento representar na mostra. Começo com um pedaço de floresta no chão, uma prancha de madeira, que ‘vai se levantando’ na obra seguinte, e seguinte, até chegar no objeto final, que é um assento“.
Em 2015, o designer levou à semana de design de Milão no Palácio Litta uma cadeira com um encosto de três metros de altura, com a ideia de dar a real dimensão da árvore para quem visse o objeto. “Da Árvore à Cadeira” fez parte de um projeto contínuo de experimentação conceitual a partir da premissa “os móveis são feitos de árvore”. Com uma produção comercial pequena, propositalmente, de cinco a dez peças mensais, Rodrigo reafirma agora o caminho que escolheu seguir, artesanal e constante preocupação com a durabilidade de suas criações, tanto no que se refere à qualidade da produção, quanto à atemporalidade dos seus desenhos. “As pessoas esquecem a árvore por trás do objeto presente em sua sala, por exemplo. Acredito que de forma mais literal, como no caso dessa exposição, consiga educar de alguma maneira quem estiver presente.”
O mobiliário de Rodrigo Silveira está presente em importantes coleções particulares de arte e design, e desde 2017 integra o acervo permanente do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
A exposição “Tipologia de uma segunda vida” de Rodrigo Silveira na Casa de Vidro fica aberta para visitação até dia 30 de outubro. Clique aqui e agende sua visita!