“Quando lidamos com arquitetura, design, cores, formas e seres humanos, criamos configurações onde serão conectados os sentimentos e as emoções. O nosso objetivo é propor, por meio de objetos ou espaço, o bem-estar das pessoas”. Esta é uma das frases presentes no início do primeiro de três volumes de CMF: A Essência das Cores. Esse é o do primeiro livro sobre o tema na língua portuguesa, de autoria da arquiteta, urbanista e professora Marcia Holland. Profissional da área há 39 anos, é uma das poucas profissionais que reúne conhecimentos técnicos e artísticos nas áreas de CMF e Neurodesign, além de consultora e diretora do Portal de Tendências (@portal_detendencias).
CMF é a sigla em inglês para “cor, material e acabamento”. Ainda que recente, este campo interdisciplinar já está presente em diversos segmentos do design e da arquitetura. Afinal, a cor, os materiais e os acabamentos selecionados influenciam na qualidade final dos espaços e dos produtos. “Designers e arquitetos devem tratar CMF como elemento que já nasce com o projeto. Portanto, não é um assunto complementar”, destaca Marcia em seu livro.
CMF e tendências
Cores, materiais e acabamentos estão atrelados, por exemplo, às tendências. Desde microtendências, como “cor do ano” ou temporadas de moda, até movimentos mais duradouros, presentes por exemplo na indústria automotiva.
“Não se trata apenas de critérios de escolha, mas o entendimento de conceitos contemporâneos de análise sensorial e Neurodesign. Toda vez que a arquitetura sofreu profundas transformações é porque houve uma revolução da técnica e das tecnologias. O profissional destas áreas deve estar antenado a esses grandes pontos de virada”, completa Marcia.
Na prática, arquitetos e designers que possuem conhecimentos em CMF têm uma visão mais preparada sobre cor aplicada a arquitetura, interiores e objetos, considerando fatores como o tratamento das superfícies incluindo padrões e texturas, a influência da iluminação, a volumetria e como esse conjunto é percebido pelos indivíduos. Tudo depende do contexto. “Há necessidade de conhecer o comportamento e desempenho de materiais e o tratamento de superfície mais adequado ao uso, as fontes luminosas e ainda o propósito técnico e funcional inerente ao projeto”, afirma.
Masp: como a colorimetria e arquitetura atuam na prática
Um exemplo que Marcia Holland destaca em seu livro é o estudo de caso do Masp (Museu de Arte de São Paulo), célebre projeto de Lina Bo Bardi localizado na Avenida Paulista. Ela conta que o vermelho das colunas foi uma escolha da arquiteta: além de ser uma das tonalidades disponíveis do produto impermeabilizante, também seria uma cor marcante para destacar ainda mais a estrutura do edifício.
Para investigar o impacto e a percepção da cor, ela realizou uma pesquisa que contou com a participação de jovens universitários. Divididos em grupos, eles foram posicionados em diferentes pontos de observação e receberam cartões de amostras contendo diversos tons de vermelho.
A depender da distância, do horário do dia e de outras variáveis, “pudemos observar claramente que o vermelho admitiu tonalidades mais luminosas, esbranquiçadas ou até mais rosadas, mudando inclusive a relação plástico-formal da cor em relação ao edifício. Quanto mais distante, as cores tornam-se mais claras e suaves, tendendo sutilmente ao azul”, avaliou Marcia.
A análise de Marcia Holland é bastante ampla e detalhada. Mas uma das conclusões mais importantes a partir do exemplo do Masp é sobre como o contexto interfere na percepção das cores e, portanto, nas sensações e emoções que despertam. Além, claro, de influenciar combinações e contrastes com outras cores.
“Estímulos visuais não são percebidos de forma isolada: a experiência ocorre na totalidade dos estímulos e é por isso que o Neurodesign é importante. Muitas vezes, as pessoas não compreendem por quais motivos não se sentem bem em um determinado ambiente e a resposta pode estar em certas cores e materiais usados ali. A análise sensorial é fundamental para conhecer este universo, mapear e propor soluções que promovam o bem-estar”, explica Marcia Holland.
Novo curso aborda o universo do CMF
Para quem busca ampliar seus conhecimentos sobre o assunto, a próxima edição do curso curso CMF: A Essência das Cores já tem data marcada. De 3 a 28 de Fevereiro de 2025, Marcia Holland ministra as aulas com diversos módulos práticos e teóricos. A programação do curso inclui aulas gravadas, encontros ao vivo, laboratórios digitais, tutoria com profissionais experientes da área e material didático completo, além de várias surpresas para quem participar.
“O curso abordará temas importantes para que arquitetos, designers e estudantes possam selecionar e utilizar as cores com intenção, criatividade e segurança. Dentre eles, estão os fundamentos do CMF, neurociência, emoções e comportamentos relacionados às cores, contrastes e harmonias, luz, percepção e colorimetria, identificação de tendências e muito mais. O nosso propósito é fazer com que você use o potencial transformador da cor”, destaca Marcia Holland.
Inscrições abertas e mais informações sobre o curso CMF
Sobre Marcia Holland
Formada em artes (FAAP) e arquitetura e urbanismo (Mackenzie), Mestre e Doutora pela FAU-USP, com pós-graduação em Neurociências, consumo e marketing (PUC-RS), Marcia Holland é especialista em metodologias de projeto: Design Thinking (Ideo), Design Sprint (Knaap), Emotional Design (Norman) e Metadesign. Realizou inúmeros cursos de aperfeiçoamento nas universidades de Harvard, Montreal, Salamanca, State University of New York e Inteligência Artificial pela UNICAMP. É membro do CMG USA – Color Marketing Group e CAUS Color Association of USA. É consultora de inovação e tendências em diversas empresas brasileiras e multinacionais.
Leia uma entrevista completa com Marcia Holland sobre CMF aqui
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