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Máscaras e Flôrs: os papéis de Tomie Ohtake traz enfoque inédito sobre acervo pessoal

DETALHES DO ACONTECIMENTO

DATA: Em cartaz até 5 de maio de 2024

HORÁRIO: De terça a domingo, das 11h às 19h

LOCAL: Instituto Tomie Ohtake | Rua dos Coropés, 88 - Pinheiros - São Paulo / SP

Pela primeira vez, o Instituto Tomie Ohtake apresenta um recorte cujo enfoque não são as obras da artista, mas sim os papéis, documentos e revistas que se encontram no acervo pessoal em sua casa-ateliê – projetada por Ruy Ohtake -, onde ela viveu desde 1970 até falecer, em 2015. Esta é a grande fortuna da exibição inédita Máscaras e Flôrs: os papéis de Tomie Ohtake

O Instituto é um dos poucos centros culturais no Brasil que carregam em seu título o nome de uma artista mulher, e as obras de Tomie Ohtake já ocuparam todos os espaços expositivos do espaço – notadamente a sala carinhosamente intitulada de Sala Permanente. Mesmo assim, dada a produção de mais de 60 anos da artista, são inesgotáveis as possibilidades de ressignificação de sua obra, bem como a revelação de camadas da artista que permanecem inéditas.

A casa-ateliê de Tomie Ohtake, poucas vezes aberta ao público, tem parte de suas gavetas abertas por meio desta exposição. Máscaras e Flôrs é uma oportunidade de apresentar uma dimensão ainda pouco conhecida de Tomie Ohtake, seu legado imaterial que se manifesta nas lembranças daqueles que a conheceram e na memória de um cotidiano incansável.

Sobre Tomie Ohtake

Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, no Japão, dia 21 de novembro de 1913, onde fez seus estudos. Em 1936 chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos. Impedida de voltar, devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou ficando no país. Casou-se, criou seus dois filhos, e com quase 40 anos começou a pintar incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano.

A carreira atingiu plena efervescência a partir dos seus 50 anos, quando realizou mostras individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros. Em sua extensa trajetória participou de 20 Bienais Internacionais (seis de São Paulo, uma das quais recebeu o Prêmio Itamaraty, Bienal de Veneza, Tóquio, Havana, Cuenca, entre outras), e contabiliza em seu currículo mais de 120 exposições individuais (em São Paulo e mais vinte capitais brasileiras, Nova York, Washington DC, Miami, Tóquio, Roma, Milão, etc) e quase quatro centenas de coletivas, entre Brasil e exterior, além de 28 prêmios. A obra de Tomie destaca-se tanto na pintura e na gravura quanto na escultura.

Marcam ainda sua produção as mais de 30 obras públicas desenhadas na paisagem de várias cidades brasileiras como São Paulo (Av. 23 de Maio, 1988; Anhangabaú, 1984; Cidade Universitária, 1994, 1997 e 1999; Auditório Ibirapuera, 2004; Auditório do Memorial da América Latina, 1988; Teatro Pedro II em Ribeirão Preto, 1996; entre outras), Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Araxá e Ipatinga, feito raro para um artista no Brasil. Entre 2009 e 2010, suas esculturas alcançaram também os jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e a província de Okinawa, no Japão. Em 2012, ainda, foi convidada pelo Mori Museum, em Tóquio, a produzir uma obra pública que situa-se no jardim do edifício.

Sempre disposta a novos desafios, Tomie levou a sua arte para outras frentes. Criou dois cenários para a ópera Madame Butterfly, o primeiro em 1983, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e o segundo em 2008, no Teatro Municipal de São Paulo. Foi também convidada a criar obras para prêmios e comemorações, como por ocasião do centenário da imigração japonesa, em 2008, quando concebeu a monumental escultura em Santos e a do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Peças de pequenas dimensões, como o troféu da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a homenagem-prêmio para a Fórmula 1, utilizando a pedra do pré-sal (2011), cartazes, ilustrações de livros e periódicos, medalhas e objetos para laureados de muitos eventos são parte de sua diversificada produção.

Em 2013 Tomie Ohtake chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições pelo Brasil. Dos 100 aos 101 anos, concebeu cerca de 30 pinturas. Até a sua morte em fevereiro de 2015, aos 101 anos, seguiu trabalhando.