O Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, uma das mais tradicionais instituições de ensino superior em artes e criatividade do Brasil, completou 100 anos de história em 23 de setembro de 2025. Seu criador, o jornalista, educador, político, intelectual e advogado Pedro Augusto Gomes Cardim (1865-1932) esteve envolvido na criação de diversos ícones que moldaram a identidade cultural da capital paulista.
Pedro Cardim foi um dos idealizadores do Viaduto do Chá e atuou na fundação do Theatro Municipal, da Academia Paulista de Letras, do Instituto Geográfico Brasileiro e do Conservatório Musical de São Paulo. E a criação da Belas Artes foi realizada por ele em seus 60 anos de idade, em sintonia com o espírito de renovação artística e cultural que marcava São Paulo no movimento modernista.

Em reconhecimento ao papel da família Gomes Cardim no resgate das obras da Pinacoteca, o governo paulista cedeu à nova instituição de ensino um prédio de três andares na Rua Bento Freitas, esquina com a rua General Jardim. Ali se estabeleceu o primeiro endereço da escola, que ficou conhecida como “Escola da Família Gomes Cardim”. Depois a então Academia de Bellas Artes de São Paulo ocupou endereços na Rua Marquês de Itu e Rua Liberdade, chegando a dividir espaço com a Pinacoteca.

Na inauguração, em 1925, estiveram presentes diversos protagonistas da cena artística, literária e criativa de São Paulo. Entre eles, o pintor Benedito Calixto e os escritores Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. O momento reafirmava o propósito da escola de contribuir para o desenvolvimento da paisagem cultural, urbana e estética na cidade.

“A Belas Artes nasceu com a missão de transformar vidas por meio da arte, da cultura e da educação. Cem anos depois, seguimos firmes nesse propósito — agora com um olhar voltado para o futuro, buscando inovar, evoluir e formar os protagonistas da economia criativa no Brasil e no mundo” E o mais bonito é saber: ainda estamos só começando”, afirma Patrícia Cardim, CEO do Centro Universitário Belas Artes. Representando a quarta geração da família fundadora, Patrícia relembra as palavras do tio bisavô, Pedro Augusto Gomes Cardim, idealizador da instituição: “Naquela época, ele já dizia que ‘São Paulo precisava ser o polo cultural do Brasil’. Esse sonho continua vivo e inspira cada passo que damos até hoje.”
Outro marco importante acontece apenas três anos após a fundação da Belas Artes em 1928, quando a instituição abriu o primeiro curso de arquitetura de São Paulo e o segundo do Brasil, pioneira na formação de profissionais da área. Hoje oferece em quatro campi mais de 40 cursos de graduação, tecnólogos, EAD e pós-graduações nas áreas de arquitetura, design, comunicação, moda, audiovisual, negócios e tecnologia, com mais de 8 mil alunos.
E a DW! faz parte desta história! Nos quase 15 anos de Semana de Design de São Paulo, a Belas Artes tem sido uma grande parceira e protagonista em várias edições, movimentando o festival com palestras, exposições, workshops e outros eventos memoráveis.




“Celebrar os 100 anos da Belas Artes é como folhear um álbum repleto de memórias vivas. São milhares de histórias, sonhos e conquistas que se entrelaçam nos nossos corredores, ateliês e salas de aula. Ao longo das décadas, cada aluno, professor e colaborador deixou aqui um legado, uma marca. Este centenário não é apenas uma data — é uma homenagem à arte, à educação e ao poder transformador que elas carregam. E o mais bonito de tudo isso é perceber que, mesmo com tanta história, ainda temos muito a construir”, reflete o professor Paulo Antônio Gomes Cardim, Reitor do Centro Universitário Belas Artes.

Entre as diversas comemorações do centenário do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, um destaque foi a apresentação realizada em setembro de 2025 no Theatro Municipal, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal, do Ballet da Escola de Dança de São Paulo e do Coral Belas Vozes, bem como intervenções artísticas e grande elenco formado por alunos e professores.
O espetáculo Onde a tradição veste o contemporâneo traduziu a efervescência do movimento modernista de 1922 até o futuro, celebrando a inovação, a tecnologia e a criatividade. A apresentação artística foi dividida em três atos, que abordaram as origens da instituição e seu papel na consolidação do modernismo em São Paulo; as transformações e contribuições da Belas Artes ao longo do século 20; e, por fim, a inovação, a tecnologia e a criatividade que continuam a guiar a instituição rumo às próximas gerações.