O Roca São Paulo Gallery é um ponto de oxigenação arquitetônica, artística e cultural, voltado a discussões sobre o futuro, a inovação, a sustentabilidade e as principais tendências do Brasil e do mundo no segmento da arquitetura e design. A essência está na realização de exposições, debates, apresentações e atividades culturais com temáticas que conversam sobre o novo e geram ideias impactantes para o cenário da arquitetura. Profissionais de arquitetura e design podem conhecer a agenda de eventos e inscrições no instagram do Roca São Paulo Gallery.
O espaço se une a outros seis Galleries pelo mundo, localizados em Barcelona, Madri, Lisboa, Londres, Xangai e Pequim. Em São Paulo, o projeto arquitetônico é desenhado por Fernanda Marques. Livre de divisórias fixas, enfatiza a integração de ambientes internos e externos para promover a convivência, além de criar espaços que podem ser moldados de acordo com os eventos residentes. O resultado é um lugar aberto a diversas expressões culturais e um verdadeiro convite à descompressão em meio ao movimento da maior metrópole da América Latina, em um dos endereços mais exclusivos da cidade, na Avenida Brasil.
Confira a seguir a entrevista com a arquiteta Fernanda Marques, que detalha o processo criativo e o estilo de seu projeto, que conquistou o iF Design Awards 2025 na categoria Public Architecture.

DW!: Como podemos definir o estilo arquitetônico da Roca São Paulo Gallery? Fernanda Marques: O projeto reflete um estilo contemporâneo, marcado pela precisão em sua forma, pela integração fluida entre arquitetura e paisagem e pelo uso de materiais que dialogam com a transparência e a leveza.
É uma arquitetura que se abre para a cidade, mas que, ao mesmo tempo, cria refúgios de contemplação e troca, equilibrando natureza e design.
DW!: O que inspirou esse projeto?
Fernanda Marques: A inspiração partiu da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos do planeta e, ao mesmo tempo, um dos mais ameaçados. Minha intenção foi transformar essa riqueza natural em experiência arquitetônica, trazendo a floresta como protagonista do espaço. Assim, o projeto cria uma sensação de pertencimento à paisagem e, ao mesmo tempo, celebra a inovação e o design como ferramentas de diálogo cultural. Mais do que ambientar, a arquitetura provoca uma reflexão sobre a urgência da preservação ambiental.
DW!: Quais os pontos de semelhança e as diferenças entre esta e as outras galerias da Roca ao redor do mundo?
Fernanda Marques: Todos os Roca Galleries compartilham a mesma vocação: de ser um espaço de debate, troca e inspiração para a arquitetura e o design. O que distingue a galeria de São Paulo é justamente na forma como traduzimos a identidade local: aqui, a exuberância da natureza brasileira, aliada à intensidade urbana de São Paulo, define o caráter único da galeria – oferecendo uma experiência singular em relação às suas “irmãs” em Londres, Barcelona, Lisboa, Madri, Xangai e Pequim.

DW!: O projeto foi reconhecido internacionalmente pela integração entre arquitetura e natureza. Quais recursos você utilizou para chegar nesse resultado?
Fernanda Marques: A transparência das fachadas, o uso de paredes verdes exuberantes, o paisagismo de Alex Hanazaki e os painéis serigrafados que retratam a floresta foram decisivos para criar a sensação de imersão. Esses elementos permitem que a natureza seja tanto protagonista quanto moldura, dissolvendo as barreiras entre dentro e fora.
Ficamos muito felizes em ver esse conceito reconhecido com o iF Design Award, o que reforça a relevância da arquitetura brasileira no cenário internacional.
DW!: O que há nele em termos de sustentabilidade e inovação?
Fernanda Marques: O projeto incorpora soluções que privilegiam a eficiência energética e a valorização de recursos naturais. A luz natural é amplamente aproveitada, reduzindo o consumo artificial, enquanto os jardins verticais contribuem para o microclima e para a melhoria da qualidade do ar. Além disso, o próprio conceito do edifício reforça a necessidade de preservação ambiental como pilar do design contemporâneo. Quanto à inovação, ela está no modo como arquitetura, natureza e tecnologia se articulam para oferecer experiências imersivas. Desde o desenho das fachadas, que criam transparência e integração urbana, até o uso de elementos gráficos e digitais que comunicam a identidade do Grupo Roca, tudo foi pensado para unir impacto estético e funcionalidade.

DW!: Você já havia ganhado o iF Design Award por projetos de arquitetura e interiores, mas este é seu primeiro projeto laureado na categoria “Public Architecture”. Como você avalia essa conquista?
Fernanda Marques: Receber esse reconhecimento é motivo de grande alegria e orgulho. Ser a segunda mulher no mundo a assinar um Roca Gallery já foi uma honra, e agora ver esse projeto celebrado em escala internacional reafirma a relevância da arquitetura brasileira no cenário global. É também um incentivo para continuarmos expandindo fronteiras e propondo soluções que unem arquitetura e propósito.
DW!: O edifício da Roca São Paulo Gallery tem 1.300 metros quadrados. Quais espaços você destaca dentro do todo?
Fernanda Marques: O foyer de entrada, que já introduz a ideia de transparência e diálogo com a cidade, os espaços expositivos flexíveis, preparados para múltiplos usos, e a área de convivência que conecta interior e exterior. Todos eles foram pensados para estimular encontros, experiências e novas leituras sobre o design.
DW!: O prédio é dividido em três blocos e cada um representa uma marca do Grupo Roca. Como cada bloco traduz cada marca?
Fernanda Marques: Cada bloco foi desenhado para comunicar, através da espacialidade, a essência da marca que abriga. O primeiro reflete a tradição e a solidez, o segundo a inovação tecnológica, e o terceiro, ao fundo da Roca, a visão contemporânea e sustentável. Essa diferenciação aparece nas materialidades, na ambientação e até na forma como os produtos se inserem nos espaços.
DW!: O propósito da galeria é ser um ponto de oxigenação e inspiração em uma cidade tão movimentada como São Paulo, principalmente dada sua localização. Como a arquitetura e a decoração do espaço contribuem para isso?
Fernanda Marques: O projeto cria respiros em meio à intensidade da Avenida Brasil. As áreas verdes, a transparência e a leveza dos interiores funcionam como convite para desacelerar, observar e interagir.
É um lugar de pausa e de provocação criativa, onde a cidade encontra um espaço para refletir sobre seus próprios caminhos.

DW!: Como se deu a escolha do mobiliário desse projeto? Há algum designer que valha destacar?
Fernanda Marques: O mobiliário foi cuidadosamente selecionado para dialogar com a arquitetura, mantendo o equilíbrio entre sofisticação, acolhimento e o protagonismo dos produtos da Roca. Optamos por peças de linhas limpas e contemporâneas, priorizando o design brasileiro como parte essencial da narrativa do espaço. Entre os destaques, estão a poltrona Bella Donna, de Giacomo Tomazzi; o sofá Landscape e a Mesa Mantiqueira Alta, da coleção Serras, que assinei para a Breton; a Banqueta Alta Iaiá, do Atelier Gustavo Bittencourt; e as icônicas cadeiras M110, de Geraldo de Barros.
Cada escolha reforça o vínculo com a cultura local e valoriza o design autoral brasileiro, inserindo-o em um contexto de projeção internacional.
DW!: Como os produtos da Roca estão dispostos por ele? Quais deles se destacam?
Fernanda Marques: Os produtos foram dispostos de forma orgânica e flexível, permitindo que a exposição seja constantemente renovada e adaptada a diferentes contextos. Eles não aparecem apenas como peças técnicas, mas como parte integrante da experiência arquitetônica, em diálogo com o espaço, a luz e a natureza. Cada ambiente revela seus atributos estéticos e funcionais em situações de uso real. Entre os destaques, estão as linhas mais inovadoras em design e sustentabilidade — que não apenas evidenciam a excelência do Grupo Roca, mas também reforçam sua liderança no setor.
DW!: O que o projeto agrega para a cidade?
Fernanda Marques: O Roca São Paulo Gallery agrega um espaço de encontro e inspiração, oferecendo à cidade um polo internacional de debate sobre arquitetura e design.
O Roca São Paulo Gallery promove um diálogo direto com a natureza, lembrando que mesmo no coração da metrópole é possível — e necessário — cultivar conexões com o ambiente natural.
Para visitar o Roca São Paulo Gallery, vá à Avenida Brasil, 2.188, de segunda à sexta, das 10h às 19h. Saiba mais sobre as ações do espaço e os próximos eventos no Instagram,
